terça-feira, março 06, 2007

Brasileño – Latino-Americano soy?

Shakespeare já dizia: “Ser ou não ser? Eis a questão.”.

Afinal, o que é ser Latino-Americano? O que essas duas palavras querem dizer? Do que se trata o conceito de América Latina? Essas são questões fundamentais para se definir ou confundir um conceito tão amplamente reconhecido.

A origem da palavra “América” tem uma teoria bem aceita: O “Novo mundo” foi nomeado em homenagem à Américo Vespúcio, o qual esteve no continente por quatro vezes. Ele foi o primeiro a dizer que as novas terras eram de fato um novo continente. Seu nome em latim e no sexo feminino (fazendo a correspondência com os outros continentes – África, Europa, Ásia) deu origem ao nome “América”.

Latina(o) deveu-se à colonização Portuguesa e Espanhola, países nos quais se fala linguas derivadas do latim, herança do Império Romano.

A América-Latina compreende a faixa de terra ao Sul dos Estados Unidos (do México ao sul da América do Sul). As linguas faladas, salvo algumas exceções como as Guianas e Belize, são o Espanhol e o Português, herdados de nossas antigas metrópoles.

Existem diversos laços culturais comuns. A história parece fazer questão de aproximar esses países e querer lhes dar razões para sentir-se semelhantes. Revoluções, independências, democratizações, redemocratizações, movimentos de libertação nacional, etc ocorrem todos como que simultaneamente. O atraso no desenvolvimento desses países e a realidade sócio-econômica complicada também são fatores que tendem a tornar o continente em algo homogêneo. A religião também é um fator que nos aproxima de nossos vizinhos. A tão criticada e ao mesmo tempo badalada Igreja Católica.

O termo América-Latina surgiu na metade do século XIX, cunhada pelo Imperador Francês Napoleão III. A expressão já surge cheia de conotações políticas, o que irá se mostrar uma normalidade ao longo da história. O objetivo de Napoleão III era criar um conceito que aproximasse a sua França do novo continente, visto que se vivia na época do Imperialismo. O Imperador não queria colocar suas garrinhas somente sobre a África e a Ásia, mas também queria terras na América. Por isso, cria esse conceito em oposição a política (também Imperialista) Norte-Americana, de posterior afirmação da América para os Americanos [do norte].

Portanto, a junção de toda essa região em um único pacotão, foi feito, a princípio, de fora para dentro. Visava-se criar uma política externa comum para a região, a qual não era e nunca foi de grande importância global. O conceito sempre foi utilizado de forma a legitimar certas idéias e pretensões de dominação.

Entretanto, o conceito também é algo que hoje e já há algum tempo é disseminado de “dentro para fora”. Fala-se muito em união Latino-Americana, bolivarianismo, identidade latina, etc. Busca-se alguma identidade comum que nos uma em detrimento de outras nações. Afinal, todos passamos por momentos históricos muito semelhantes...

Enfim, o debate aqui se torna Homogeneidade x Diversidade. O que somos nós Latino-Americanos?

Embora partilhemos laços e heranças comuns, a chamada América Latina para ser considerada coesa, deve excluir especificidades fundamentais. Na verdade, nossas especificidades podem ser maiores do que nossas características comuns. O grave problema é que pouco nos conhecemos entre nós, acabamos nutrindo graves rivalidades.

Conhecemos mais sobre a história da Europa do que a história da Argentina. Conhecemos mais a Revolução Francesa do que a Revolução Mexicana. Visitamos mais os EUA do que o Peru. Se realmente visamos algum tipo de integração Latino-Americana, temos que nos conscientizar e conhecer mais dos nossos vizinhos. Quando não se conhece algo, a primeira atitude é sempre a negação. Fica aqui a solução: Conhecer para integrar.